TEMPO - Emanuel Medeiros Vieira

Em memória de Evandro Magalhães e de Stuart Angel


Dizei-me em tempo o que é o tempo, Senhor. 
Antes de cruzar a ponte, Ensinai-me:
Linha reta de eterna agonia?
Bússola na encruzilhada?
Sim, o sorriso de uma menina nascida na luz de agosto,
e de um menino junto à flor de maio.

E o vento?
O espaço?
O mar?



Meus mortos não me respondem, Senhor.
Tempo: não o retenho – 
areia da praia que escapa das mãos.

Lapso no cosmos,
cometa errante,
eu sei, Senhor, assim sou:
pretérito menino contemplando a gaivota,
sentado num trapiche.


  • Emanuel Medeiros Vieira

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