Na madrugada, encolhido,
tremendo de frio, a dormir
nada sabe sobre o amanhã,
se haverá um porvir
Alimentos, sempre os restos,
quase sempre azedo ou frio,
olhares de medo ou desprezo
e nunca um gesto de carinho.
Oportunidades passaram,
reconhece que errou,
mas isso já não importa,
pois a sorte o abandonou.
Família não lembra onde está,
nem o nome lembra mais
às vezes, em pequenos flashes,
vê rostos...irmãos ou pais?
Meu Deus, que desespero
o próprio nome não lembrar.
Endereço será que algum dia tive?
e a família, onde andará?
Sei que lembro sempre
o local onde encontro
Mais uma dose da morte...
é bem ali, naquele ponto.
Pessoas com sorrisos falsos
entregam-me e depois cobram
com gotas de minhas memórias
Orgulho e dignidades esgotam.
Deus, onde estão as pessoas
que falam de Teu amor?
Será que elas poderiam
afastar de mim essa dor?
Também sou ser humano
que cansado de ser humilhado,
em momentos de lucidez,
eu quero mudar de lado.
Quero ser gente de bem
basta um olhar e proteção
ajuda-me, Pai misericordioso,
dê-me nova direção.
Não penso em mais nada;
viver, morrer, tanto faz,
apenas estou cansado
Dê-me um pouco de paz.
Mostre-me para as pessoas
pois me tornei invisível,
passam e nem me olham
acham-me desprezível.
Deus, isso dói na alma,
quando mudam de calçada
com nojo, com desprezo,
como se eu não fosse nada.
Sou reflexo de meus atos.
Colho o que plantei?
Faz-me voltar no tempo
pelas estradas onde andei.
Quem sabe eu reencontre
minha vida, minha dignidade.
Deus, por favor, ajude-me...
tenha de mim piedade
- Kedma O'liver
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