A Máquina de Escrever - Anderson Braga Horta

Ei-la dormindo
a um canto
sonhos alfabéticos.
Jaz encapuçada,
talvez com vergonha
do amor não inscrito.
Humilde no ventre
da escrivaninha,
ciosa
de segredos terríveis,
guarda nas teclas dormentes
o poema total.

O poema que ninguém.
A aranha do tempo
trançará sobre ela a sua teia.
Que um dia alguém desfará
sem acordar o poema.
Silêncio!
dormindo a um canto
sonhos
Esfinge
sem Édipo.

Horta, Anderson Braga - Signos, antologia metapoética, ed. thesaurus

5 comentários:

  1. Extraordinário!!!

    versos totalmente impactantes e nobres.
    Adorei como tudo foi tecendo um elo entre as palavras, que coisa mais linda de se ler.

    gostei muito!!!

    pamela andrade

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  2. Muito Bom..

    MUITO BOM MESMO.

    Jorge

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  3. Caro Anderson adorei por demais este seu poema, lindo... lindo...

    e ele já começa pegando a gente de tal modo , que não dá para deixar de lado depois de começar a lê-lo....

    MARCIO FREITAS

    Ei-la dormindo
    a um canto
    sonhos alfabéticos.
    Jaz encapuçada

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  4. Anderson Braga Horta por sua causa tirei o pó da minha ma´quina e matei saudade....kkk
    valeu pela lembrança tão antiga...rsss

    Antônio Pallmas

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  5. Que lindo! Realmente, agora, Esfinge sem Édipo!
    Parabéns :)

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