RELEITURAS - NARCISO DE ANDRADE

Aos lermos um poema que tenha algo de marcante, nos surpreendendo quanto a mensagem, nos fazendo vagar ao enlevo das palavras, acende em nossa mente o desejo de nos estendermos através daquele momento e com o autor travar um sublime diálogo de emoções.

O projeto Releituras é a expressão emotiva de um poema permanecendo através de novos textos com as características que cada leitor-poeta traz em sua visão pessoal; interpretando, opinando, redirecionando e multiplicando o poema em foco.

poema:

Eu, Marginal, me Confesso
(Narciso de Andrade)
 
As pessoas se comovem
quando chego com olhos úmidos
sempre pedindo perdão.
Eu me aproximo das pessoas
com lágrimas nos olhos.
E quando chego
inventando palavras dançarinas
elas se comovem.
Por ser poeta e miserável eu comovo as pessoas.
 
Eu, marginal, me confesso
responsável
por toda tristeza do mundo.
Essa inexplicável ausência
de notícias do infinito.
Essa solidão perpétua
em bronze gravada
na testa de cada um
 
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Releituras
 
Falsa Lágrima  
 
Retrato meu sentimento 
com a falsa lágrimaque rola célere na face,
qual rio que cumprimenta e se despede
sem se importar com o que ficou.  
A lágrima convence,
choca,
faz um mundo de piedosas almas
acreditarem que sou infeliz; 
estendem-se a mão, 
solidarizam-se 
e choram comigo.
 
Deise Domingues Giannini 
  •  
Emoção

O evento decorria
O músico tocava em uníssono
Poetisas declamando
O tenor com sua voz
Maravilha, no salão.
O clima estava envolvente
Poesias tão sensíveis
Como em forma de oração
Declamadas com paixão
Já fechando o evento
Mergulhei na emoção
Poesia de amor
Só falava de tristeza1
Ao sentir a tua ausência
Sem notícias do infinito
Da emoção fez-se o pranto
As lágrimas foram rolando
Embargaram minha voz.


Edite Capelo


Confesso
 
Confesso!
Sou marginal e miserável
Minhas palavras dançam ao vento.
Atravessam o infinito tentando amenizar tristezas
Um marginal também chora.
Um miserável também é capaz de comover.
O cansaço escorre pela minha testa.
Sinto-me cansado de ouvir notícias que não me dizem nada
Na ausência do ouro o bronze da marginalidade reluz.
Enganam-se quem pensa que pedirei perdão.
Sou marginal.
Sou miserável. Mas não pedirei perdão.
Carrego comigo uma perpétua dignidade.
Sou poeta. Não me peçam explicações
  
Ludimar Gomes Molina


Não pretendo pedir perdão

Mesmo que eu chegue com meus olhos úmidos
Não há em mim pretensão em comover as pessoas
Muito menos pedir algo mesmo que seja perdão
Ainda que eu chegue carregado de palavras dançarias
Por favor não sinto que devam chorar comigo
A não ser que os meus poemas os comovam profundamente.

Eu não posso nem devo me sentir um marginal
Nem me confessar responsável
Pela tristeza de quem quer que seja
Não sinto a falta de notícias do infinito
Pois ele está contido no mais intimo do meu ser
Não acuso a incômoda companhia da solidão
Por meu coração estar repleto com a presença
De enilhões de seres iluminados que povoam o Universo.

Olímpio Coelho




Sentindo o interior
 
Gosto quando atinjo as pessoas escrevendo
Escrevendo comunico-me com o mundo
O mundo tem espaço para todos
Todos têm diferentes maneiras de se manifestar
 
No mundo há muita tristeza
Tristeza construtiva e destrutiva
A destrutiva deve ser destruída
Destruída para termos paz
 
A construtiva deve ser utilizada
Utilizada para criar mais poemas
Poemas que elevem o interior
O interior tem uma força tremenda
 
Valéria Rodrigues Florenzano 

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