Aos lermos um poema que tenha algo de marcante, nos surpreendendo quanto a mensagem, nos fazendo vagar ao enlevo das palavras, acende em nossa mente o desejo de nos estendermos através daquele momento e com o autor travar um sublime diálogo de emoções.
O projeto Releituras é a expressão emotiva de um poema permanecendo através de novos textos com as características que cada leitor-poeta traz em sua visão pessoal; interpretando, opinando, redirecionando e multiplicando o poema em foco.
poema:
O nosso amor
Cada dia que passa
Sente mais o encantamento!
Numa espiral ascendente
Na escala das a emoções
Atenção é redobrada
Nos sentimentos latentes,
Na sua certeza:
Um foi feito para o outro
Remetem seus pensamentos
Para seus desejos mais íntimos
Gozam o prazer por amor
Obedecendo a intuição,
Da rotina prazerosa
Fazem parte um do outro
Vibram na mesma frequência
Encontram na sinergia,
Seu propósito de vida
Sentem a vida plena
Na fidelidade do amor.
Edite Capelo
poema:
Fuga
(Giorgios Seferis)
Era isso nosso amor;
Falava, voltava, trazia-nos
Uma pálpebra baixa, infinitamente distante,
Um sorriso petrificado, perdido
Na relva da manhã;
Uma concha estranha que nossa alma
Tentava decifrar a todo instante.
Era isso o nosso amor, progredia lentamente
Tateando entre as coisas que nos envolvem,
Para explicar por que recusávamos a morte
Tão apaixonadamente.
Embora nos agarrássemos a outras cinturas,
Enlaçássemos outras nucas, loucamente
Confundíssemos nosso hálito
Ao hálito do outro,
Embora fechássemos os olhos, era isso nosso amor...
Nada mais que o profundíssimo desejo
De suspender nossa fuga.
Releituras
A Procura do ser
Outrora o amor aprisionava
grilhões sempre fortes,
numa rigidez de corpo e massacre d'alma...
Dia e noite a purgar...
Numa clausura medieval,
de instintos e dores pecaminosas,
sequiosas pela purificação.
Eis que os condenados em motim,
rompem amarras, apartam-se,
metades de um todo,cristal despedaçado
fragmentados, arruinados,
Sedimento terrígeno ad eternum....
Clara Sznifer
DESTINO
Nós dois, no silêncio da manhã,
olhávamo-nos e perdíamo-nos
num momento de ternura.
Nós nos esquecíamos de outros beijos
de outros amores ardentes
e ficávamos ali, na doçura de olhares,
de tímidos sorrisos,
tentando esquecer a morte,
a morte que nos separaria para sempre.
Vivíamos simplesmente o momento
para fugirmos do destino.
Não queríamos um amanhã sem futuro,
nem um presente na sombra do passado.
Queríamos somente o momento.
E nosso beijo,
não tão ardente, mas verdadeiro,
patente, doce, delicado,
selava nossa recusa,
talvez como último recurso
de viver o instante que restava,
como se fosse a vida inteira
que nos escapou das mãos.
Deise Domingues Giannini
O nosso amor
Cada dia que passa
Sente mais o encantamento!
Numa espiral ascendente
Na escala das a emoções
Atenção é redobrada
Nos sentimentos latentes,
Na sua certeza:
Um foi feito para o outro
Remetem seus pensamentos
Para seus desejos mais íntimos
Gozam o prazer por amor
Obedecendo a intuição,
Da rotina prazerosa
Fazem parte um do outro
Vibram na mesma frequência
Encontram na sinergia,
Seu propósito de vida
Sentem a vida plena
Na fidelidade do amor.
Edite Capelo
Sem amor queremos fugir um do outro;
Sem amor queremos fugir da vida;
Sem amor surge um vazio no coração;
O máximo que sobra é a paixão
Junto com a solidão;
Sem amor ficamos sozinhos,
Sozinhos com sentimentos superficiais.
Porque o amor alimenta positivamente as vidas;
Com o amor não há dúvidas,
Porque o coração fica cheio e leve,
Ele pode voar para qualquer lugar.
Com o amor não queremos a fuga,
Porque com a fuga existe medo,
E o medo, embora fique no coração,
É um sentimento pesado e superficial;
Nós queremos voar;
Nós queremos em seres melhores nos transformar;
Nós queremos amar
Valéria Rodrigues Florenzano
Fuga
Sempre nos olhávamos com infinita indiferença
ante um cotidiano infinitamente insosso.
Os murmúrios depositavam sobre o mármore
os reflexos de nossa própria apatia.
Cada amanhecer gerava a palidez dos sentidos
e ali mergulhávamos inertes
procurando no distanciamento
algo que nos aproximasse.
Outros corpos pousavam em nossa cama,
sorriam à nossa volta, afagavam nossa pele
e nos saciavam a sede de afetos
com o mesmo amargor de águas paradas.
Porém, após desfrutarmos desses amores fortuitos,
nos procurávamos em nossa própria escuridão.
E, por fim, ao nos encontrarmos
éramos apenas dois barcos
abandonados, lado a lado,
num porto deserto.
ante um cotidiano infinitamente insosso.
Os murmúrios depositavam sobre o mármore
os reflexos de nossa própria apatia.
Cada amanhecer gerava a palidez dos sentidos
e ali mergulhávamos inertes
procurando no distanciamento
algo que nos aproximasse.
Outros corpos pousavam em nossa cama,
sorriam à nossa volta, afagavam nossa pele
e nos saciavam a sede de afetos
com o mesmo amargor de águas paradas.
Porém, após desfrutarmos desses amores fortuitos,
nos procurávamos em nossa própria escuridão.
E, por fim, ao nos encontrarmos
éramos apenas dois barcos
abandonados, lado a lado,
num porto deserto.
Vieira Vivo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.